26 março 2006

O Sonho

Eu tive um sonho aos 3 anos: queria ser jogador de futebol. Para mim, uma bola era o melhor brinquedo que me podiam dar. Quantas bolas recebi, quantas bolas eu estraguei... Mas não seria, ou será ainda, este o sonho de todos os meninos (ou da maior parte deles)? O meu sonho, no entanto, foi alimentado. Ao longo do tempo. Com visitas ao Estádio da Luz, para ver o Bento, o Pietra, o Humberto Coelho, o Shéu, o Álvaro, o Veloso, o Samuel, o Mozer, o Ricardo, o Valdo, o Maniche, o Rui Águas, o Magnusson....todos do Glorioso, e também outros como o Jordão, o Manuel Fernandes, o Gomes, o Kostadinov, o Domingos, etc... Foi depois disto que consegui realizar parte do meu sonho: jogar à bola a sério, num clube de verdade. Ingressava no Benfica, aos 11 anos. Foram 6 anos de águia ao peito, com um prazer que só quem joga futebol a sério pode sentir...ainda p’ra mais, no clube do coração. Passados estes 6 anos, o Belenenses foi o destino. “Menos mal”, pensei eu. Talvez ainda consiga alcançar o meu sonho. E assim foi. Dei mais um passo para lá chegar e assinei contrato profissional. Porém, todos sabemos como funciona o futebol: só dá para alguns. Ou seja, ao final de 3 anos, rumava a outro clube, de uma divisão inferior: o Olivais e Moscavide. A ideia era recuperar o tempo perdido na última época no Belenenses, uma vez que pouco tinha jogado, e tentar levar o futebol como profissão. Má escolha ou melhor, mau resultado. Finalizada a época, os jogos tinham sido poucos para mim, e o clube não pretendia que lá continuasse. Assim sendo, arrumei as botas e optei por seguir um caminho que, felizmente, nunca tinha abandonado: os estudos. Se a opção terá sido a melhor? Nunca vou saber. Só sei que, através desta opção, conheci muitas pessoas, entre elas as que me levam a escrever este texto. O pessoal dos Montinhos dos Pegos. Malta porreira esta. Mais do que um clube, uma família. Uma malta que se encontra ao fim-de-semana (pelo menos com o pessoal de Lisboa assim é) e que passa momentos engraçados e de extraordinário convívio. E os petiscos??? Ui, ui!!!! Este domingo, mais um capítulo se escreveu na história do nosso clube. Da nossa família. Mais uma vitória notável. Para mim, no entanto, confesso que não me soube tão bem quanto outras. Todos saberão porquê. Todos terão notado que eu não fui o eu a que vocês estão habituados. Claro que fiquei feliz. Claro que fiquei contente quando o Vital fez o golo. Mas eu queria mais. Queria estar lá dentro e participar activamente. Queria gritar para sairmos da entrada da área. Queria dizer ao Vital que estava a fazer um grande jogo. Queria dizer ao Bruno para não falhar tantos golos. Ao Rui para acordar. Ao João para pegar mais na bola. Ao Andrade para dar mais pau...Mas não! Não era o dia para participar desta forma. Estava....mais do que chateado, triste. Aqueles vinte e cinco minutos devem ter sido dos mais tristes que já passei em campo. Senti que eram os últimos minutos antes do meu sonho acabar. A todos o meu obrigado pelo companheirismo, as minhas desculpas pelas minhas incorrecções, e o desejo de que cheguem o mais longe possível no campeonato e, sobretudo, nas vossas vidas. Um abraço, João.

1 Comments:

At 28/3/06 09:25, Blogger PCS said...

Grande João,
Lembro-me bem de quando chegaste à nossa equipa. Trazias uns bons quilinhos a mais e um fabuloso pé esquerdo que punha (e põe) a bola a qualquer distância com uma precisão de fazer inveja a muito menino da Liga Betandwin.
Com a qualidade do teu futebol e com as tuas qualidades pessoais foi muito fácil te integrares nesta família, como tu lhe chamas, e fazeres parte dela de pleno direito. Durante todas estas épocas em que estás connosco os momentos bons superaram em muito os momentos menos bons e isso também a ti se deve. Eu, particularmente, estou a lembrar-me do meu último golo no Inatel há umas duas épocas atrás. Foi na sequência de um dos teus famosos pontapés de canto teleguiados a que só tive de encostar a cabeça e … gooolo! (ninguém mais se lembra eu sei… mas foi o MEU golo :)).
Agora chocas-nos com esta notícia, logo numa altura em que a equipa está trilhar caminhos históricos. Eu acho que te estás a precipitar e faço figas para que reconsideres…
Um abraço.

 

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